Segunda-feira, 2 de Julho de 2007

CORTES-LEIRIA(3)

A Povoação das Cortes (freguesia de Leiria)
A casa que a família Henriques de Azevedo possuía na povoação das Cortes remonta ao século XVIII sendo nela que residiam permanentemente.  Nela integravam-se celeiros, adegas e lagares, constituindo uma das casas agrícolas mais importantes da encosta poente e sobre o rio Lis. Nesta casa nasceram quase todos os filhos do 1º Visconde de S. Sebastião. Este conjunto,  tendo sido herdado por um dos filhos do 1º Visconde de S. Sebastião, o José,  manteve-se indiviso, até ao início dos anos 40 do século passado; depois por sucessões e vendas nos anos 50, foi fragmentado, restando hoje algumas partes e sinais do primitivo conjunto. Nos Anais do Município de Leiria, de João Cabral, reeditados em 1993 (Vol I) encontram-se referências  à substituição de uma estata estreita que ligava Leiria às Cortes, no lugar dos Frades, por outra mais ampla e que tal foi possível pela doação (em 1853) de um terreno da Quinta de Vale de Lobos pelo Visconde de S. Sebastião, José Maria Henriques de Azevedo. Igualmente o pai do Visconde, Luís Henriques de Azevedo bem como António Xavier Rodrigues Cordeiro, Início Xavier de Figueiredo Oriol Pena (Quinta de S. Venâncio) e Margarida Monteiro doaram, em 1858, para a construção da mesma estrada, respectivamente, 200.000 reis, 30.000 reis, 50.000 reis e 50.000 reis. A estrada só ficou concluída em 1868
Muitas foram as figuras que, pelo seu trabalho ou pelas suas atitudes, contribuíram para que a freguesia das Cortes fosse o que é hoje. Sendo impossível enumerà-las todas, enunciamos pelo menos aquelas cuja actividade nos parece que foi decisiva:
Rei D. João III- Emitiu em 31 de Maio de 1542 uma Carta Régia concedendo licença para a realização do Bodo da Senhora da Gaiola, como já era costume antigo fazer-se, e para o respectivo peditório, estipulando o destino das esmolas.
D. Brás de Barrosé 1ºBispo de Leiria, erigiu em 1550 "a ermida de N. S.ª da Gaiola, do lugar das Cortes, como em freguesia".
António Xavier Rodrigues Cordeiro (1819-1896)é Escritor historiador, professor, jornalista e político, nascido nas Cortes. Bacharel em Direito, fundou o periódico "O Trovador" e um dos primeiros jornais de Leiria, "O Leiriense" (1-7-1854). Colaborou em muitos outros periódicos, escreveu uma série de obras literárias, foi administrador do Concelho de Leiria e promotor da nova estrada da cidade para as Cortes. Deputado a duas Legislaturas, foi ainda Redactor da Câmara de Deputados. Está sepultado na igreja das Cortes.
D. Pedro de Castilhoé Tambem Bispo de Leiria, "levantou em freguesia a dita ermida" no ano de 1592, confirmando o acto provisório de D. Brás de Barros
D. Dinis de Meloé Ainda Bispo de Leiria, mandou construir, entre 1627 e 1636, a capela de Santa Marta da Reixida.
Diogo Gil- Alegado navegador, fundou a capela particular de Nossa Senhora do Monte, em 1550, em cumprimento de um voto por ter sido salvo de um naufrágio.
D. João Moreira de Noronha e Meneses - Licenciado e clérigo do hàbito de S. Pedro, ligado à família dos Marqueses de Vila Real, detentor de brasão e morador na sua Quinta de Santa Bárbara, na Amoreira, onde fundou, em 1669, uma capela com a mesma invocação e onde se encontra a sua lápide funerária.
Adriano Xavier Lopes Vieira (1846-1910)é Nascido nas Cortes casou-se com Ana Bárbara Charters Henriques d'Azevedo, filha do 1º Visconde de S. sebastião, e irmã do 1º proprietário da Portela. Doutorado pela Faculdade de Medicina de Coimbra, viria a ser ali professor Catedrático. Cumulativamente foi naturalista adjunto do Museu de História Natural. Foi ainda Deputado e Conselheiro de Estado. São-lhe conhecidas pelo menos 20 obras escritas, nomeadamente o "Manual de Medicina Legal".
Afonso Xavier Lopes Vieira (1849-1933)é Bacharel em Direito, natural das Cortes, exercia a advocacia e o jornalismo. Foi o fundador do semanário "Distrito de Leiria" (27-10-1860) e escreveu várias obras. Foi casado com Mariana Lopes Azevedo cujo bisavô, Manuel Henriques, era o mesmo que o do Eng. Roberto Charters Henriques d'Azevedo, 1º proprietário da Portela.
 
José Lopes Vieira (1862-1907)- Bacharel em Filosofia e Engenheiro Silvicultor por uma universidade francesa, onde depois foi convidado a leccionar, deve-se-lhe a correcção do leito do rio Lis, de que o Marachão, em Leiria, é a parte mais visível. Natural da Abadia, publicou diversos trabalhos, nomeadamente, o "Projecto de Revisão do Ordenamento da Matta Nacional de Leiria".
 
Afonso Lopes Vieira (1878-1946)é Nascido em Leiria, tinha residência também nas Cortes, em S. Pedro de Moel e em Lisboa. Poeta virtuoso e de rara sensibilidade, deixou uma obra vastíssima que foi da Campanha Vicentina é ediçao  monumental de "Os Lusíadas", de Camões. Converteu em português obras clàssicas, foi pioneiro da fotografia e do cinema e escreveu inúmeros textos para serem musicados. A literatura para crianças foi sua preocupação, bem como algumas adaptações, reconstituições e traduções. Reeditou Rodrigues Lobo e foi redactor e fundador da revista literária "Lusitânia" de que tomou a direcção D. Carolina Michaelis de Vasconcelos. Deixou a sua vasta biblioteca (que incluía a do tio-avô, Rodrigues Cordeiro) à cidade de Leiria.
 
João Lopes Soares (1878-1970)é Já mencionado acima, era natural do Arrabal, cedo passou a viver nas Cortes e depois em Lisboa. Ordenado sacerdote a contra gosto, solicita e obtém do Papa Pio XI a anulação das ordens eclesiàsticas em 1927. Ministro das Colónias em 1919, Deputado por Leiria, foi também administrador do Concelho e Governador Civil do Distrito da Guarda. Governador Civil foi-o ainda dos Distritos de Braga e de Santarém. Fundador do Colégio Moderno, em Lisboa, por onde passaram muitos resistentes ao regime do Estado Novo, escreveu várias obras didàcticas, no domínio da Geografia e da História. Era o pai do Dr.Mário Soares . Sepultado no cemitério das Cortes, era amigo afeiçoado da população da freguesia, em especial da sua Filarmónica, a ele se devendo as diligências para a execução da estrada da Abadia á Senhora do Monte. A sua casa é hoje a Casa Museu Dr João Soares.
 
Xico Gaio ou Francisco José Vieira de Sousa (1945-1983)- Desenhador talentoso e pintor, nasceu nas Cortes, tendo falecido num acidente na Senhora do Monte quando contava apenas 38 anos. Foi ele quem estimulou a grande onda de artistas com que as Cortes passou a contar a partir dos anos 80, podendo considerar-se o pioneiro das artes nas Cortes.
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publicado por alfredocr às 00:43
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