Domingo, 1 de Julho de 2007

MONTE REAL-LEIRIA(2)

Monumentos
No alto da colina dolomítica (parte mais antiga de Monte Real) encontramos, ao lado das ruínas dos paços reais, atribuídos à Rainha Santa Isabel, uma capela mandada construir pelo bispo de Leiria, D. Martim Afonso Mexia, na primeira metade do século XVII, para impedir que o Duque de Caminha ali construísse um palácio, destruindo o paço real. Daqui pode-se desfrutar uma vista soberba de vários quilómetros do vale do Lis para montante e para jusante, assim como várias povoaçôes.
 Ainda na parte antiga de Monte Real podemos encontrar a Capela de S. João Baptista (antiga Igreja Matriz). Foi incendiada pelos franceses durante as invasões, sendo depois reconstruída. Em 1928 desmoronou, apenas ficando de pé o campanário que data de 1723, tendo voltado a ser reconstuída a capela.
Na parte antiga, também, podemos encontrar um pelourinho (único no Concelho) datado de 1573. Constituído por uma coluna de fuste cilíndrico com base quadrada, assente em três degraus circulares. Por trás deste pelourinho encontra-se a Casa da Câmara (Domus Municipalis ou Paços do Concelho). Incendiada durante as invasões francesas, foi adquirida pela Câmara Municipal de Leiria em 1834. Serviu também de cadeia.
Localizada na vertente oriental desta colina dolomítica no caminho do rio, fica uma pequena nascente conhecida pela Fonte da Rainha Santa. Pelo facto da Rainha ali ter ido beber varias vezes, a tradição diz que é milagrosa. Era muito procurada pelas mães que não tinham leite para amamentar os seus filhos.
Monte Real tem sido fértil no aparecimento de antiguidades pre-históricas, que fazem recuar o seu povoamento aos tempos neolíticos. Em 1864 apareceram 50 caveiras numa gruta situada no lugar da Mata (continuação da colina dolomítica), tendo sido, na altura, atribuídas a vítimas da invasão francesa, contudo, estudos posteriores atribuíram essas ossadas ao período neolítico.

De uma anta de Monte Real foi retirado, para o Museu de Belém um machado de basalto, uma faca de sílex e um chapão de ardósia. Nas proximidades foi encontrado outro machado de basalto que também foi levado para o referido museu. Da época romana têm aparecido moedas, alguns cipos e uma árula com a seguinte legenda: F. S. FRONT NIVSA VITVS ALS. Esta lápide está relacionada com as águas medicinais.
 
Bibliografia
Alberto, Isidro da Piedade (1991) – Monte Real terra histórica ontem e hoje. Edição da Região de Turismo de Leiria – Rota do Sol, 65 p.Zúquete, Afonso (1950) – Monografia de Leiria A Cidade e o Concelho. Folheto Edições & Design. Leiria, pp 199-203.
Lenda
Da Ermida e do Forno da Cal onde foi queimado, por engano, um criado do Rei Dinis.                       
 Segundo reza a lenda, quando o rei D. Dinis com sua esposa a Rainha Santa Isabel viviam em Monte Real, por altura da plantação do Pinhal, tinha alguns amores secretos para os lados de Leiria e, nomeadamente, em Amor.
Andando a Rainha desconfiada com as saídas constantes do seu esposo, mandou que um seu criado seguisse o Rei e seus pagens a fim de saber para onde ele ia.
No caminho que o Rei utilizava entre Monte Real e Amor, havia uma Ermida e, um pouco mais adiante, um forno de cozer a cal.
O Rei, apercebendo-se que vinha a ser seguido pelo criado da rainha, ao passar no forno da cal, deu ordens aos operários para agarrarem e meterem dentro do forno um cavaleiro que vinha um pouco atrás.
Acontece que o criado da rainha, por ser muito religioso, entrou na Ermida e ali assistiu à missa que decorria nesse momento.
Algum tempo depois, o Rei mandou um dos seus criados ao forno a perguntar se as ordens de El-Rei haviam sido cumpridas. Os operários responderam que não mas que seriam, de imediato cumpridas e, sem mais, meteram o criado de Rei no forno que assim foi queimado como sendo o criado da rainha o que foi entendido como um milagre daquela e um sério aviso ao Senhor El-Rei D. Dinis.

Ainda hoje, aos locais onde existiam a ermida se chama “Ermida” e o forno se chama “forno da Cal”.
 
Lenda de
SEGODIM
O lugar do Segodim, da Freguesia de Monte Real, deve o seu nome à lenda seginte:
Certa noite de intenso temporal estava a Rainha Santa Isabel muito preocupada, na sua casa em Monte Real, pela demora do Rei D.Dinis, seu esposo, a regressar a casa.
Suspeitando que o Rei tivesse ido para Amor visitar uma das suas secretas amadas, a Rainha resolveu ir ao seu encontro com alguns dos seus criados. Assim fez e, ao longo do caminho, foi colocando, em buracos protegidos do temporal, luzes feitas com cascas de caracol cheias de azeite e um cordão aceso para sinalizar o mesmo.

Ia a rainha nessa azáfama quando encontrou o Rei que, ao vê-la toda molhada naquele local e àquela hora tardia, exclamou:
- Que fazeis aqui Senhora minha?
- A Rainha respondeu:
- Estava preocupada pela Vossa demora e pela vida e resolvi vir ao Vosso encontro senhor.
O Rei, ao ver as luzes colocadas no caminho, ficou muito perturbado e exclamou:
- Até que eu cego vi...
Retorquiu-lhe a Rainha:
- Cego vindes de Amor meu senhor.
Assim terá surgido o nome do lugar de CEGOVINDES – CEGOVIM – SEGODIM.
 Serra do Porto de Urso 
 O lugar de Serra do Porto de Urso deve o seu nome, segundo a lenda, a uma luta que El-Rei D. Dinis travou com um corpulento urso acabando por o empurrar para dentro de um poço onde o mesmo morreu.

Reza a lenda que, numa das suas idas secretas para Amor onde residia uma das suas amadas, El-Rei D. Dinis foi atacado por um enorme urso com o qual lutou acabando por o atirar a um poço.

Ao local ficou a chamar-se “Poço de Urso” mais tarde “Porto de Urso” e posteriormente “Serra do Porto de Urso” por ser uma elevação acima do Vale do Lis
  
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publicado por alfredocr às 02:07
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8 comentários:
De Joaquim Venancio a 10 de Fevereiro de 2009 às 22:00
Olá perteço ao distrito de Aveiro, mais propriamente à Murtosa.Gostava de um dia puder ir visitar essa região.Até que tenho aí uma amiga minha.E quem sabe até fazer um concerto musical com a minha orquestra.j_venancio_slb@hotmail.com
Desde já agradeço a vossa atenção.
De Cláudia Côrte-Real a 17 de Dezembro de 2009 às 15:47
Olá boa tarde, apesar de não ser de Monte Real sou completamente fascinada pela parte antiga da Vila. Aliás, tenho uma adoração por uma casa antiga parcialmente em ruínas que se encontra ao lado das muralhas no Largo da Rainha Santa. A minha adoração é tal que até já liguei para vários sítios em Monte Real (cafés, junta de Freguesia, fábrica de enchidos, imobiliárias, etc.), a perguntar se alguém conhece os proprietários da dita casa, mas até à data ninguém me soube indicar um nome em concreto. Será que por acaso alguém que leia este comentário me possa ajudar? Espero que sim. A parte antiga é fabulosoa, vale a pena ser visitada.
De alfredocr a 17 de Dezembro de 2009 às 22:46
OLÁ, BOA TARDE.
PARA JÁ UM AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL POR ESTE COMENTÁRIO/PEDIDO...VOU FAZER TODOS OS POSSÍVEIS PARA SATISFAZER O SEU DESEJO...UM DIA DESTES VOU DESLOCAR-ME A MONTE REAL E VER SE CONSIGO ALGO.
CUMPRIMENTOS
ALFREDO RIBEIRO
De Cláudia Côrte-Real a 18 de Dezembro de 2009 às 14:14
Eu é que agradeço a amabilidade, mas espero que não se desloque de propósito a Monte Real por este assunto, até porque eu sou uma pessoa persistente e espero conseguir "chatear" a pessoa certa até obter esta informação. Se no entanto conhecer alguém naquela vila que lhe possa dar essa informação, então agradeço imenso. Cumprimentos.
De alfredocr a 18 de Dezembro de 2009 às 14:39
OLÁ,
NÃO VOU DE PROPÓSITO, POI VOU LÁ FAZER UMA REPORTAGEM PARA O MEU BLOG...
CUMPRIMENTOS
ALFREDO RIBEIRO
De zeza a 12 de Junho de 2015 às 15:03
Boa tarde eu tambem tenho andado a tentar saber a história dessa casa, é conhecida or Quinta da costeira creio que é uma obra arquitetónica de korrodi
De Kiki a 22 de Fevereiro de 2017 às 19:02
Ola zéza e que voce tem a certeza que e uma obra de korrodi?e que voce tem algumas historia dessa casa fiquei tanto feliz de ver isso
De Pedro a 21 de Fevereiro de 2022 às 12:57
Não se sabe se é obra ou não de Korrobi.
Já li várias teses, onde alunos tiveram a possibilidade de se encontrar com familiares e nenhum deles fala da Quinta da Costeira.

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